Durante o século XIII, a Ordem dos Irmãos Pregadores, fundada por Domingos de Gusmão em 1216, oscilou entre a conquista do status de ordem religiosa e ter revogados todos os seus privilégios pastorais. Em grande medida, essa instabilidade inicial se deveu às disputas entre os novos mendicantes e os clérigos seculares. Mas devemos considerar também fatores como a própria novidade da proposta mendicante, e um contexto sócio-político marcado por complexas relações de poder, como elementos que contribuiram para a necessidade que os seguidores de Domingos encontraram de se imbuir de uma identidade própria. Neste artigo, veremos como essa identidade de construiu com base principalmente nos estudos. Tomaremos por base uma série de documentos de natureza diversa, centrando nossa análise, no entanto, nas Constituições Antigas, ou Liber Consuetudinum. Esta fonte, que sofre uma série de novas redações nas primeiras décadas de existência da Ordem, servia como uma regra de vida para os frades. Conforme mostram as atas dos capítulos gerais, realizados anualmente neste período, as Constituições vão sendo progressivamente moldadas de forma a dar à Ordem características de uma “sociedade de estudos”.
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FORTES, Carolina Coelho. Os estudos como identidade entre a Ordem dos Pregadores no século XIII: a organização do sistema educacional à luz de alguns documentos jurídicos. Anos 90, Porto Alegre, v. 20, n. 38, p. 219-247, 2013.