A Revolução de Avis em Portugal (1383-1385) dá início a uma nova dinastia que desenvolve um determinado discurso político, através da literatura, das festas públicas, do teatro e especialmente com a contratação de cronistas oficiais para escreverem a memória do reino português. Seus primeiros cronistas, Fernão Lopes e Gomes Eanes Zurara, representam dois momentos políticos diferentes na primeira fase da nova dinastia, o primeiro identificado com a sua legitimação e a afirmação do que era ser português e o segundo com a expansão armada no norte da África, como expressão de honra e glória do reino. Mas, em que pesem as diferenças, são representantes da dinastia que tinha como projeto a elevação do rei a soberano de fato do reino português, em torno do qual produzia-se uma memória, por sua vez subsídio da formação da identidade nacional portuguesa.
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COSER, Miriam. A dinastia de Avis e a construção da memória do reino português. Especiaria, v. 10, n. 18, p. 703-727, jul./dez. 2007.