A Visio Tngudali (Visão de Túndalo) é uma narrativa de visão ao Além-Túmulo do século XII, redigida por um monge irlandês que se encontrava em Regensburg, no sul da atual Alemanha. Possuiu grande circulação no período medieval, tendo sido traduzida para vários idiomas vernáculos, além de ser uma das obras que deu origem à Divina Comédia, de Dante. É possível notar vários elementos que mostram a vinculação de Marcus com a sua terra natal, a Irlanda. Percebe-se que ele era partidário dos Mac Carthy e defendia os interesses da região do Munster. Ao mesmo tempo, Marcus se mostra contrário a práticas típicas da igreja irlandesa, motivo pelo qual é abertamente partidário da submissão da igreja irlandesa a Roma, através da sua posição de ser favorável à Reforma Gregoriana. Através do seu relato, o cavaleiro pecador fica num estado de morte aparente quando sua alma é levada ao Além por um anjo, durante um período de três dias. Túndalo conhece os locais infernais e sofre torturas ali devido aos seus pecados. A alma também ingressa nos três locais do Paraíso, caracterizados por muros de metais preciosos e por muita beleza e contentamento. A obra enfatiza as sensações dos órgãos dos sentidos como forma de aproximar a narrativa dos leitores e ouvintes do texto. Tanto no Inferno quanto no Paraíso há menção a algumas pessoas da Irlanda, como heróis míticos (Fergus e Connal), dois reis (Donatus e Cormac) e a alguns santos irlandeses, como S. Patrício.
Citação completa
ZIERER, Adriana. Um Monge Irlandês e suas Concepções de Inferno e Paraíso: a Visão de Túndalo. BRATHAIR, [S.l.], v. 19, n. 1, p. 52-75, 2019.