O presente artigo tem por objetivo apresentar uma reflexão historiográfica, cujos fundamentos são encontrados nos conceitos de temporalidade e historicidade concebidos por Martin Heidegger. Para tanto, serão apresentados alguns aspectos da obra Ser e Tempo (Sein und Zeit), articulados com as interpretações e considerações de outros autores como Reinhart Koselleck, Hans Ulrich Gumbrecht, Cezar Luís Seibt e Valdei Lopes Araújo. Dessa forma, pretende-se contribuir com a construção das categorias historiográficas de temporalidade e historicidade. No segundo momento do texto, à guisa de exemplo, essas categorias serão aplicadas na análise de um documento medieval de astromagia, traduzido do árabe para o castelhano e o latim na corte do rei Afonso X de Castela, o Picatrix. Constata-se que a sociedade medieval, por se tratar de uma “cultura de presença” como propõe Gumbrecht, é um rico laboratório para a compreensão da fluidez das temporalidades e do fenômeno histórico da transculturalidade.
Citação completa
SILVEIRA, Aline Dias da. Temporalidade, historicidade e presença em uma análise do prólogo do Picatrix (séc. XIII). História da Historiografia, Ouro Preto, v. 9, n. 22, p. 185-201, dez. 2016.