Este artigo é uma contribuição ao debate surgido no interior dos estudos sobre medievalismo: a relação entre a religião como campo de reflexão e a teoria sobre as apropriações da idade média no período pós-medieval. Pensamos a respeito da dificuldade de abordar temas e objetos vindos do âmbito religioso, particularmente, a relação sincrônica com o tempo, invocada como obstáculo ao avanço das pesquisas, dentro dos trabalhos acerca do medievalismo. Na primeira parte, há um diálogo com Richard Utz, nela, propomos uma abordagem teórica apresentando saídas para resolver as possíveis dificuldades de pensar a relação entre os dois campos de estudo. Na segunda parte do artigo, realizamos uma aplicação prática da discussão inicial analisando a missa Urbi et Orbi do Papa Francisco, ocorrida no dia 27 de março de 2020, no Vaticano. Argumentamos que, por meio de categorias de análise como multitemporalidade e auctoritas, invocadas como possibilidades para se pensar a relação entre medievalismo e religião, é possível compreender a missa como uma liturgia medievalizante.