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Jacques de Armagnac, duque de Nemours e a acusação de Lesa-majestade: a construção de um crime político por meio da memória escrita. 1465-1477.

No decorrer da Idade Média a traição era um fenômeno político-cultural de ampla incidência nas relações sociais, pois implicava a ruptura da ligação pré-existente entre indivíduos e/ou grupos. Logo, essa ruptura supõem uma inversão das normas e uma transgressão que abala a ordem estabelecida oferecendo um perigo real seja para o grupo, seja para a família, ou seja, para o Estado. Analisaremos nesse artigo como a memória escrita de um extenso processo contribuiu para a construção do crime de Lesa-majestade de Jacques de Armagnac, duque de Nemours, nas décadas de 1460 e 1470 no âmbito do reino de França. Temos como ideias centrais que o manuscrito do referido processo funcionava como uma espécie de instrumento de reforço de identidade dos servidores imediatos do poder real e ao mesmo tempo como instrumento de admoestação régia ao alto oficialato. Pois se um príncipe de sangue real, par de França, poderia ser decapitado mediante processo de lesa-majestade, quanto mais deveriam temer oficiais cuja ascensão social era devida principalmente ao próprio rei.

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FERNANDES, Fabiano. Jacques de Armagnac, duque de Nemours e a acusação de Lesa-majestade: a construção de um crime político por meio da memória escrita. 1465-1477. Revista Diálogos Mediterrânicos, Curitiba, n. 9, p. 189-209, dez. 2015.