História e Discurso: perspectivas e controvérsias.Autor de discursos que se produzem, ainda hoje, essencialmente a partir de outros discursos, tal relação, tão íntima, não é isenta de tensões e controvérsias que, em última análise, põem em xeque a natureza do próprio ofício do historiador. Será a História apenas um nominalismo bem temperado, e seu objeto tão somente os ecos quase inaudíveis dos discursos de outrora? O objetivo deste artigo consiste em caracterizar algumas das perspectivas e questões específicas da relação do historiador com os discursos, considerando, em especial, aquela que se configura como uma sua primeira “profissão de fé”: não reduzir a história ao texto, negando a sua existência além do discurso. Situando-me no contexto da transição da Antiguidade à da Alta Idade Média Ocidental, e em meio ao fluxo de um processo histórico marcado pelo fenômeno da implantação e disseminação do cristianismo, abordarei as controvérsias historiográficas acerca da natureza das crenças e práticas denunciadas como pagãs e combatidas pelos homens da Igreja. Tratar-se-iam de tradições discursivas vigorosas, porém alheias a qualquer “materialidade”, como sustenta uma vertente historiográfica de feição pós-moderna? Ou de manifestações efetivas que constituem, ao contrário, a língua e os discursos como níveis privilegiados das manifestações das lutas de classes?
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BASTOS, Mário Jorge. História e discurso: perspectivas e controvérsias. Imagens da Educação, Maringá, v. 1, n. 2, p. 1-11, 2011.