No final de um dos seus artigos clássicos, a autora Joan Scott havia sugerido que era fundamental sabermos como as instituições sociais incorporam o gênero nos seus pressupostos e nas suas organizações. Seguindo essa agenda, a interseção entre a História Institucional do Direito e os Estudos de Gênero, apesar dos impasses e diferenças, e da multiplicidade de orientações teóricas e metodológicas, pode ser um espaço profícuo na renovação de ambos os campos historiográficos. Neste artigo, temos como objetivo central testar os limites e possibilidades dessa relação, focalizando principalmente a maneira como o casamento e o adultério clericais foram (des)articulados às diretrizes de gênero. Como se trata de um estudo preliminar, concentraremos nossa atenção sobre os complexos processos discursivo-institucionais de d(en)ominação sobre as masculinidades clericais representadas, basicamente, em algumas legislações elaboradas no reino de Castela e Leão, do século XIII, sobretudo no período de governo de Afonso X (1252-1284).
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LIMA, Marcelo Pereira. Duelo de masculinidades: gênero, casamento e adultério clerical no reino de Leão e Castela, século XIII. Revista Crítica Histórica, v. 4, n. 7, p. 155-183, jul. 2013.