As imagens que temos a respeito da Idade Média são geralmente marcadas pela polarização entre dois estereótipos: de um lado a idade das trevas, com seus medos, pestes, fomes endêmicas, guerras endêmicas, catástrofes de todo tipo. De outro lado uma época festiva, com suas representações teatrais e musicais, vitrais e roupas em tons alegres, torneios, amor cortês. Mas este foi, na realidade, um período caracterizado pelos dois extremos, e a consciência da fragilidade da vida – especialmente após a peste negra – levava a uma busca não apenas de contemplação e consolo espiritual, mas também dos prazeres e compensações terrenas. Entre esses extremos podemos identificar uma série de gradações e contradições, por exemplo, no que diz respeito ao modo como eram encaradas e praticadas a música e as festividades. Era visível a polarização entre os saberes práticos e teóricos em diversos campos, na música e na medicina, por exemplo. Dependendo dos fins e de que grupos sociais exerciam essas atividades, sua valorização – ou depreciação – sofria variações consideráveis. Este texto visa a problematizar o modo como eram teorizados e praticados respectivamente a música e os seus intérpretes e alguns dos seus empregos no contexto urbano, como as festas, elementos que são uma boa síntese desses aspectos contraditórios e complementares.
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ALMEIDA, Cybele. Diversão, perversão ou contemplação? Considerações sobre a música, seus intérpretes e as festividades na Idade Média. Historiae, Rio Grande, v. 1, n. 1, p. 31-46, 2010.
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