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A heresia de Pedro Abelardo: ensino, teologia e autoridade na retórica da condenação (1121 – 1141)

Essa dissertação discute de maneira sistemática as acusações e condenações por heresia de Pedro Abelardo (1079 – 1142), notável monge e filósofo bretão. Embora Abelardo seja um popular objeto de análise – e paixão – entre os estudiosos, suas condenações por heresia, na maior parte das vezes, foram escanteadas em suas análises. Acreditamos que isso tenha se dado por conta dos historiadores preferirem centrar suas atenções nos grandes grupos heréticos ou nas chamadas “heresias populares”. Partimos do suposto que para o estudo das heresias medievais é preciso centrar as atenções nos perseguidores destas, mas sempre tendo em mente que os textos anti-heréticos eram mais uma construção discursiva eclesiástica, que respondia a anseios políticos muito particulares, do que reflexo dos posicionamentos dos acusados. Nesse sentido, é fundamental reestabelecer as relações sociais tanto de Pedro Abelardo quanto dos seus acusadores.

Foi possível identificar na argumentação dos textos que criticaram e condenaram Abelardo três grandes eixos. O primeiro é a grande capacidade de circulação das ideias de Abelardo. O segundo seria o fato de Abelardo propor interpretações errôneas das Sagradas Escrituras, defender posições abomináveis e perverter os principais preceitos cristãos. Por fim e intrinsecamente associada a esses dois eixos, Abelardo era visto por seus perseguidores como um crítico da autoridade eclesiástica e pontifícia, um potencial cismático que colocava em risco a unidade da Igreja. Esses eixos nortearam a estruturação de nosso texto. Acreditamos, por fim, que o estudo da heresia de Abelardo, além de nos revelar aspectos sobre a própria heresia, pode informar sobre dimensões sociais fundamentais do período.

Citação completa

BOSCH, Rafael. A heresia de Pedro Abelardo: ensino, teologia e autoridade na retórica da condenação (1121-1141). Dissertação (Mestrado em História) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Campinas, p. 163. 2016.