Juan de Encina, mestre de espetáculos da Corte de Alba de Tormes, vinculou aos monarcas e a notáveis do reino castelhano, através de performances de natureza poética, musical e teatral, múltiplos elementos identitários que contribuíram para reiterar um discurso providencialista que legitimava o poder régio. Nos serões e festas das cortes nascentes das Espanhas, unificam-se em torno do pastor memórias diversas – bíblicas, líricas e regionais -, associando-se, dessa forma, o pastor e o rei num mesmo campo do imaginário. O pastor aparece em cena, mediando o mundo do trabalho e do lazer, da corte e do campo, do sagrado e do profano. O teatro funciona, portanto, como expressivo veículo de propaganda política, seja pelo amplo caráter de espetáculo que assume, especialmente durante as festas religiosas e cerimônias régias, seja pelas discussões de identidade e alteridade que inscreve no palco.
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PEREIRA, Raquel Alvitos. Sacralidade, teatro e poder monárquico espanhol na Baixa Idade Média. Revista Jesus Histórico, v. 9, p. 85-108, 2012.
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