Neste artigo, pretendemos apresentar uma reflexão sobre o desenvolvimento do modo de vida monástico cenobítico na região da Provença durante o século V. Embora a Abadia de Lérins seja aquela que garantiria o brilho desta história, não é possível ignorar a importância de João Cassiano para o avanço e fortalecimento do monaquismo na região. Portanto, procuramos demonstrar como a leitura das obras de Cassiano parece indicar o início de um processo de institucionalização do monacato na Provença, a partir do momento em que defendeu que os cenóbios só poderiam receber este nome quando regidos por determinadas instituições provenientes do monaquismo oriental, ainda pouco conhecido, diria, em 419. Para levarmos adiante a investigação, discutiremos a relação entre cenobitismo e anacoretismo; o surgimento de mosteiros e cenóbios; a existência de Regras monásticas na região; e virtudes consideradas imprescindíveis para guiar a vida comunitária como a obediência, a caridade e o despojamento. Procuramos, portanto, demonstrar o papel central desempenhado por Cassiano a partir da comparação entre suas obras e algumas atribuídas ou produzidas por monges de Lérins.