Entre o final do século XIII e o início do século XIV, as missões dos franciscanos e dominicanos para difundir o Evangelho nas terras orientais, especificamente nos domínios do Grande Khan de Catai, ganharam impulso graças ao apoio do papado. Em resposta aos pedidos de reforço missionário do franciscano João de Montecorvino, o papa Celestino V decidiu fundar dois arcebispados nas terras orientais, um na capital Cambalique e outro na cidade portuária de Zayton. A iniciativa, motivada pelo desejo do papa e dos missionários de unir a grandeza cristã à de um soberano que ao mesmo tempo ameaçava mas podia vir a ser um aliado imbatível contra os muçulmanos, visava formar um aparato institucional para uma atuação mais sólida e continuada, bem como para se obter mais informações sobre aquelas terras e gentes. É nessa conjuntura que se insere o relato conhecido como Livro do Estado do Grande Khan, traduzido, contextualizado e apresentado no presente artigo. Provavelmente uma compilação de relatos alheios e cujo autor é desconhecido, esta fonte alcançou aceitação nos reinos cristãos por celebrar os sucessos dos franciscanos em terras então de largo interesse, mas também por apresentar de forma minuciosa os hábitos, costumes e valores do Grande Khan.
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FRANCA, Susani Silveira Lemos; GONCALVES, Rafael Afonso. Os tártaros de longe e de perto: Estudo e tradução do Livro do Estado do Grande Khan (séc. XIV). Brathair, [S.l.], v. 18, n. 1, p. 227-252, 2018.