Os monges vivem isolados, oram e se dedicam a contemplar a Deus e as Suas maravilhas. Esses homens divinos possuem o monopólio das letras e contribuíram para a intelectualidade da Idade Média através da elaboração dos manuais pedagógicos cristãos. Um dos grandes temas presentes nas produções dos monges foi as viagens imaginárias, que narram relatos de visões do Além, apresentando os contornos dos espaços do pós-morte que são: Inferno, Purgatório e Paraíso. Essas narrativas alertam os cristãos para as corretas formas de conduta na vida terrena para que atingissem o Paraíso na outra vida. A Visão de Túndalo, escrita no século XII por um monge cisterciense de origem irlandesa, foi traduzida para o português no século XV e é um exemplo de viagem imaginária que foi muito difundido na Europa. Essa fonte narra a história de um cavaleiro pecador, chamado Túndalo, que foi escolhido por Deus para participar da viagem ao Além. Possui conexões com relatos anteriores, como a Visão de Drythelm (século VIII) narrada pelo monge anglo-saxão Beda. As visões têm como função converter os pagãos e fortalecer os cristãos na fé por meio de uma lição salutar. Assim, os monges cumpriam com o seu ofício por meio de seus escritos que atuavam no ordenamento da sociedade, visando o estabelecimento da paz e guiando os seu rebanho ao caminho da salvação.
Citação completa
ZIERER, Adriana; MESSIAS, Bianca Trindade. Os Monges e as Viagens Imaginárias ao Além: a Visão de Túndalo. Brathair, [S.l.], v. 11 (2), p. 70-84, 2011.