O matrimônio durante a Idade Média se apresentava como assunto de grande relevância, na medida em que era alvo de disputas por controle entre os poderes laico e clerical. A nobreza utilizava-se desta instituição para formar vínculos matrimoniais estratégicos, visando a segurança na transmissão da herança entre os familiares, bem como o engendramento de famílias poderosas. Noutra linha, a Igreja, buscava estabelecer um controle exclusivo sobre o casamento, tornando-o um sacramento, inserindo, desta forma, o relacionamento sexual dentro de normas rígidas, com redução do prazer e com finalidade de procriação, impondo, com isso, sua doutrina matrimonial que divergia dos intentos seculares. Neste capítulo abordaremos a fonte denominada Fuero Real, de autoria do monarca castelhano Alfonso X, (1252-1284), que trata especificamente no Livro III de temas relacionados à família, casamento, consentimento entre outros assuntos, revelando-se uma obra importante para análise da normatização do casamento no século XIII na Península Ibérica.