Em um polêmico artigo publicado em 1958 nas prestigiosas páginas da revista Annales. Économies, Sociétés, Civilisations, Georges Duby, celebrando uma então recente reedição do clássico devido a F.-L. Ganshof, Qu’est-ce que la féodalité? (original de 1944), convocava os medievalistas a se dedicarem a dois campos da história do feudalismo que permaneciam ainda abertos à pesquisa. O segundo deles – tão plenamente virgem quanto potencialmente fecundo! – diria respeito às atitudes mentais relativas ao fenômeno em questão. Pois não seria o “feudalismo”, indagava-se o autor, antes de tudo um estado de espírito, esse complexo psicológico formado no pequeno mundo dos guerreiros que aos poucos foram se tornando nobres? Proponho-me, neste artigo, a reconsiderar de forma crítica as propostas então avançadas por Georges Duby, situando-as no “contexto historiográfico francês” de época para, em seguida, restabelecer, na formação da sociedade feudal ibérica da Alta Idade Média, as indispensáveis articulações entre os fenômenos de ordem mental e material.
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BASTOS, Mário Jorge. O feudalismo: uma mentalidade medieval? Ponderações a partir de um artigo de Georges Duby. Brathair, São Luís, v. 13, n. 1, p. 19-31, 2013.