O objetivo deste artigo é analisar o papel de Fernão Lopes na construção da imagem de D. João I na crônica que fez destinada a este rei. Neste sentido o nosso texto está associado à História do Imaginário Político uma vez que o cronista pretendia legitimar uma nova dinastia no poder, com base no simbolismo cristão. Além disso, Lopes no seu trabalho tem a pretensão de ser um historiador e adotou alguns elementos usados pelos historiadores até hoje. Em primeiro lugar dirige o seu olhar não somente com aos “grandes”, mas também retrata em seus escritos o restante da população e sua participação nos acontecimentos através das crônicas que redigiu. Em segundo lugar, consulta documentos de variados tipos para certificar-se da veracidade dos dados que apresenta. Isso não quer dizer que tenha conseguido, como afirma, contar a “crua verdade”. Fernão Lopes constrói uma história que tem como propósito louvar a Dinastia de Avis e em especial o seu iniciador, D. João I e para isso legitima esse monarca com base em elementos bíblicos. O cronista se torna essencial na imagem tecida sobre D. João após a sua morte: o rei da Boa Memória, cujos feitos deveriam ser lembrados e elogiados pela posteridade.
Citação completa
ZIERER, Adriana. Fernão Lopes e seu papel na construção da imagem de D. João I, O Rei da Boa Memória. OPSIS, Catalão, v. 12, n. 1, p. 269-293, 2 dez. 2012.