O século XII nos traz um momento crítico do Judaísmo medieval. Há ameaças à existência judaica, seja no Ocidente medieval cristão, seja no mundo muçulmano. No espaço majoritário cristão ocorrem as cruzadas, nas quais muitas comunidades judaicas são instadas a conversão ou à morte, ocorrendo inúmeros casos de auto imolação (denominado Kidush Hashem). No norte da África e em Al Andaluz (Hispânia muçulmana) a ascensão da dinastia almoâde traz os ventos da intolerância e ocorrem ondas de conversões forçadas ou morte de judeus. E na sequência a intolerância islâmica aos judeus chega no distante Iêmen (sul da península arábica) no qual conversões forçadas ocorrem. O sábio rabino Moisés ben Maimon (Maimônides) escreve em duas ocasiões epistolas de consolação e estimulo a resistência identitária dos judeus às conversões forçadas em espaços dominados pelo Islã. Estas epístolas escritas originalmente em árabe e traduzidas ao hebraico no mesmo período são nossas fontes. Uma se denomina Epistola da conversão e a outra Epístola do Iêmen. Usamos as versões hebraicas e as traduções em inglês e português. Nosso objetivo é analisar o discurso identitário judaico no sentido da resistência da minoria contra seu extermínio cultural e religioso.
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FELDMAN, Sérgio. Educação, identidade e resistência cultural no judaísmo medieval: as epístolas de Maimônides. Acta Scientiarum. Education, Maringá, v. 41, p. 1-12, jan./dez. 2019.