O objetivo central deste artigo consiste em estabelecer algumas perspectivas teóricas básicas, ancoradas no campo do marxismo, da articulação entre Identidade, Cultura e Classe na História, tomando por contexto específico de referência as sociedades da Alta Idade Média Ocidental. Assim, começaremos por estabelecer as perspectivas marxianas básicas relativas ao conceito de classe, considerando as especificidades da sua aplicação no contexto das sociedades pré-capitalistas em geral. Partimos da proposição da ontologia do filósofo de origem húngara György Lukács, que nos ajuda a compreender a prioridade lógica da classe, como fenômeno objetivo, à tomada da sua consciência que, segundo E. P. Thompson, decorre da experiência histórica das lutas de classe travadas por homens e mulheres reais. Na sequência, visando superar as limitações culturalistas das abordagens correntes da História Cultural propomos, com Gerald Sider, enraizar as manifestações culturais nos processos de produção e reprodução da vida material das classes sociais fundamentais no contexto da transição da Antiguidade à Idade Média, ressaltando como a cultura atua nos processos de dominação e resistência social.
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BASTOS, Mário Jorge. Considerações preliminares sobre identidade, classe e campesinato na Alta Idade Média. Notandum, ano 19, n. 42, São Paulo; Porto, p. 65-77, set./dez. 2016.