Ao longo de todo o século XIII, os frades seguidores de Domingos de Gusmão passam por uma acirrada batalha interna quanto à aceitação da vida religiosa feminina associada à Ordem dos Frades Pregadores. É testemunho de primeira mão dessa contenda a monja anônima que redige, no final da década de 1250, uma breve narrativa a respeito da casa em que habita, o mosteiro de Sant´Agnese de Bolonha. O objetivo desse artigo é analisar tal texto, que recebe dos seus editores dois títulos – Chronica monasterii S. Agnetis e Vita beatae Dianae – o que demonstra as variadas possibilidades de interpretação que este coloca. Se por um lado é uma crônica que visa elencar as evidências que atrelam a casa de Sant´Agnese aos frades pregadores, por outro é uma hagiografia de sua fundadora, a irmã Diana de Andaló, que serve também para fins de conferir legitimidade espiritual ao mosteiro.