Agostinho de Hipona recebeu uma formação intelectual nos moldes da cultura clássica, tendo sido educado segundo o ciclo disciplinar varroniano. Provém dessa educação sua apreciação da dialética como arte que instrui argumentar corretamente e que permite discernir, nos discursos, os elementos que geram a falsidade da conclusão. É a dialética que permite conectar proposições verdadeiras para alcançar conclusões também verdadeiras e é ela
a ciência que deflagra a falsidade e a dissimulação nos argumentos. Ora, na obra Contra Crescônio, gramático e donatista, Agostinho defende-se da acusação descabida de ser ele um homo dialecticus que, por sua habilidade de argumentar, falsearia o verdadeiro e tornaria o verdadeiro falso. Crescônio, para acusar Agostinho, acusa a dialética. Em sua réplica, Agostinho defenderá a eminência e importância dessa ciência para, a partir desse fundamento, atacar o donatismo e, finalmente, liquidar Crescônio. É precisamente essa apreciação positiva da dialética que este artigo pretende destacar, ressaltando assim a importância do estudo de Contra Crescônio para o estudo da dialética agostiniana.
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AYOUB, Cristiane Negreiros Abbud. Augustinus homo dialecticus? Agostinho em defesa da dialética no Contra Crescônio, gramático e donatista. ANALYTICA. REVISTA DE FILOSOFIA, v. 21/2, p. 37-56, 2017.
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