A questão das fronteiras e/ou delimitação de limites territoriais se constituíram, desde sempre, em campos de tensão. No contexto ibérico medieval as vivências e os processos de deslocamento espaço-temporais estiveram envolvidos nas dinâmicas expressas nos confrontos entre cristãos e muçulmanos, e também entre os próprios reinos cristãos. A historiografia tem se debruçado há tempos sobre estas temáticas, sofrendo um processo de constante reelaboração. Para a compreensão desta experiência múltipla, de definição e redefinição fronteiriça, entre reinos e cidades, deve-se levar também em consideração a busca pela sacralização do território. Para que este processo se efetivasse foi necessária à introdução de signos identitários que fortalecessem a memória das populações, inserindo-as no ambiente em que viviam. Neste texto temos a pretensão de discutir o papel exercido pelas relíquias cristãs enquanto fatores de referência, tendo função eficiente também na ocupação do espaço geográfico. Para tanto elencamos a importância do Santo Lenho de Marmelar, relíquia simbólica, que contribuiu para fomentar o prestígio da região do Alentejo, em um contexto complexo, de ocupação de fronteiras.
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NASCIMENTO, Renata Cristina de Sousa. As relíquias cristãs e a apropriação simbólica do território. OPSIS, Catalão, v. 18, n. 1, p. 142-153, 9 maio 2018.