O presente artigo procura articular os conceitos de maravilhoso medieval e real maravilhoso, próprio à literatura latino-americana do boom da década de 1960 do século XX, com o propósito de discorrer acerca da identidade maravilhosa da América na longa duração. Desvela-se, destarte, o enlace fundamental entre a América colonial e a Europa medieval, que constitui matriz daquela, ensejando, para a primeira, o estatuto simbólico de locus de projeção do imaginário medieval e repositório de tradições da Idade Média, permanentemente resignificadas na longa duração. Para tanto, enfoca-se o quadro mental dos argonautas que protagonizaram a conquista e colonização da América à luz da noção de maravilhoso. Ademais, estabelece-se uma relação de tensão e continuidade entre a identidade feudal-maravilhosa da América colonial e o caráter real maravilhoso da América Latina contemporânea, com lastro em Alejo Carpentier.
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BACCEGA, Marcus. América dos Mirabilia: uma Idade Média ressignificada. Revista Outros Tempos, v. 5, n. 5, p. 126-147, jun. 2008.
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