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A majestade do monarca: justiça e graça nos sermões de Antônio Vieira (1653-1662)

A dissertação analisa trinta e um sermões proferidos por Antônio Vieira, entre 1653 e 1652, quando o jesuíta era o chefe da missão do Maranhão e Grão-Pará e a região experimentava um conflito que enfrentava os súditos portugueses à coroa, em torno da escravização dos indígenas. O objetivo é perceber, por meio desses documentos, a maneira como o poder do monarca era compreendido em suas atribuições de justiça. Neste sentido, os atributos da graça e da mercê aparecem articulados, a partir de uma argumentação de fundo político-teológico, na construção da legitimidade do monarca enquanto garante da paz e da justiça. Nos sermões de Vieira, essa interação é explicada pela função de árbitro e juiz que corresponde à “cabeça política” dentro do modelo político corporativo, que nasce na Idade Média e se estende ao Antigo Regime. O papel do soberano, portanto, não é o de monopolizar o exercício do poder, tiranizando os súditos, mas o de coordenar um universo jurídico plural e dinâmico. Partindo de uma perspectiva de estudo centrada nas relações de poder e, sobretudo, descobrindo a importância dos vínculos políticos criados pelas redes clientelares, afirma-se, finalmente, a estreita conexão entre a economia do serviço/benefício e a teologia cristã que lhe dá sentido. O rei legisla, sem desconhecer que existem outros vínculos jurídicos que atam os homens em sociedade, e cuidando para que todos concorram para o bem da respublica christiana e da salvação. Como ser o melhor pastor desse rebanho é o roteiro proposto por Vieira e que esta dissertação pretende elucidar.

Citação completa

SANTOS, Marcelo Tadeu dos. A majestade do monarca: justiça e graça nos sermões de Antônio Vieira (1653-1662). 2010. 178 f. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade de Brasília, Brasília, 2010.