Igreja e nobreza são as duas principais instituições de poder na sociedade feudal. A Igreja é composta pela ordem dos oratores esses são detentores do poder espiritual, através da retórica difundem os ensinamentos de Jesus na terra e as normas de boa conduta, cujo objetivo é conduzir os cristãos à salvação. A nobreza tem como principal representante o rei, esse exerce o seu poder temporal, com o apoio e ajuda da cavalaria, que realiza as suas conquistas e por meio das armas coloca em prática as medidas estabelecidas pelos eclesiásticos para o bom ordenamento social. A partir das relações entre o poder espiritual e temporal utilizados para o bom ordenamento da sociedade, pretendemos analisar as negociações e conflitos que giram em torno da ascensão e das práticas realizadas pelo rei Afonso III, o conde de Bolonha, usando como fonte A Crónica dos sete primeiros reis de Portugal. O rei Afonso III foi enviado pelo papa para substituir o seu irmão Sancho II, diante da insatisfação da Igreja e da nobreza que não o viam como um bom governante. Sua finalidade era organizar o reino luso e atender os interesses do clero. O documento em estudo produziu uma imagem positiva do soberano, enfatizando o bom relacionamento com a Igreja. Porém o monarca exerceu ações contrárias a essa instituição provocando a reprovação de seu mandato. As discordâncias entre a Igreja e o monarca Afonso III não foram abordadas na crônica, pois sua intenção era apresentar um rei ideal da história de Portugal