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Porque jamais existiu uma Idade Média e temas afins. Um livro para quem gosta de Filosofia

Todos os temas deste livro relacionam-se, de certa forma, aos questionamentos sobre a “não existência” da Idade Média. É isso mesmo. A partir da discussão sobre a necessidade de uma nova cronologia para nossa história, e a partir de reflexões principalmente sobre os períodos patrístico (notadamente Agostinho) e escolástico, foram apresentados aos alunos diversos assuntos que, não obstante relacionados ao nosso dia-a-dia (trivial ou não), têm algo a ver com esses períodos. A estereotipia Idade Média igual a “astenia cultural”, “domínio irrestrito da Igreja”, ou “fanatismo religioso” vem retrocedendo. A Idade Média concebida como Idade das Trevas – um desses desvios históricos cuja anomalia o distanciamento torna cada vez mais patente – lentamente perde força. À lenda negra dos renascentistas e iluministas contrapõe-se a lenda rosa dos românticos: a Idade Média representaria não a derrocada (barbárie), mas o auge da civilização ocidental, em que se teriam realçados os valores espirituais. Todavia, nem negra, nem rosa, podemos ir mais além: não teria existido período mediano algum, de 1000 anos (a Idade Média), ou um hiato entre a civilização da Roma antiga e a nova Europa civilizada. Não se trata apenas de uma questão terminológica (a expressão “Idade Média” já seria em si mesma preconceituosa e arbitrária) e, portanto, de criticar uma cronologia hoje obsoleta, que divide a História Ocidental, a partir de uma visão eurocêntrica, em três períodos presos a uma camisa-de-força conceitual.

Citação completa

CUNHA, Mariana Paolozzi Sérvulo da; MONTEIRO, Neusa (Org.). Porque jamais existiu uma Idade Média e temas afins. Um livro para quem gosta de Filosofia. 1. ed. Florianópolis: Edições do Bosque, 2016.