As sociedades pré-capitalistas foram atingidas por diversas epidemias, destacando-se os ciclos epidêmicos frequentes de peste desde a eclosão da grande epidemia de 1348, promovendo súbitas e sistemáticas elevações das taxas de mortalidade, provocando destruição, medo e caos social. Em Portugal, houve ao menos uma epidemia a cada década ao longo do período. A doença era um fator de desestabilização e desordem social que suscitou da realeza a promoção do embate por meio de ações variadas. Ensaiamos, neste artigo, a proposição de que a política de saúde pública forjada pelo estado continha em si uma expressão intrínseca daquilo que Achille Mbembe caracterizou como «necropolítica».
Citação completa
BASTOS, M. J. M.. Política de Saúde, Política de Morte: A Peste e a Realeza em Portugal (Séculos XIV-XVI). Anais de História de Além-Mar, v. XXII, p. 137-155, 2021.