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A chamada Hispânia Visigótica foi, sem dúvida, uma sociedade estratificada e cindida. Não só em distintas classes sociais – sendo a aristocracia e o campesinato as duas principais –, mas também do ponto de vista das disputas internas às classes, algo que pode ser percebido pelas tensões intermitentes das quais a documentação nos dá apenas algumas pistas. Estes conflitos internos, no que diz respeito à aristocracia, são mais evidentes no contexto das constantes disputas pelo trono régio, porém se manifestam frequentemente nos conflitos pelo controle de patrimônio fundiário e dos dependentes. Em suma, a fim de amortecer e tentar controlar estes choques internos, podemos vislumbrar a existência de mecanismos privilegiados de articulação dos grupos dominantes, sendo um deles o palácio régio ou, como muitas vezes referido nos documentos de época, o Officium Palatinum.Assim, consiste em um dos objetivos fundamentais deste trabalho esboçar uma caracterização deste âmbito de articulação, bem como explicitar os níveis de dominação por ele propiciado.

Citação completa

DAFLON, E. C.. O palácio e o consenso: o Officium Palatinum e a articulação da aristocracia visigoda (Séculos VI-VIII). Revista Fronteiras e Debates, v. 4, p. 61-77, 2017.