Sob muitos aspectos algumas das posições de João Buridano podem ser encaixadas dentro de uma tradição nominalista. Esse é o caso, por exemplo, de sua posição quanto ao problema dos universais. Como em geral fazem os nominalistas, Buridano nega qualquer estatuto ontológico a entidades universais extramentais, ou seja, não há qualquer correspondência entre as generalizações ou nominalizações abstratas que fazemos e entidades universais extramentais. Para ele, universais são conceitos cuja existência restringe-se a mente. Nesse sentido, conforme Peter King, a resposta de Buridano ao problema dos universais assume uma perspectiva psicológica tendo como base três teses, a saber: (1) A cognição intelectiva depende da cognição sensitiva; (2) A cognição sensitiva é sempre singular; (3) A cognição intelectiva pode ser singular e pode ser universal. Meu objetivo neste texto é apresentar brevemente às duas primeiras e examinar mais particularmente a terceira na medida em que, segundo King, é a mais problemática. Pois, se cognição intelectiva depende da cognição sensitiva e, esta última é sempre singular, como a cognição intelectiva pode ser tanto singular quanto universal?
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LEITE JUNIOR, Pedro Gilberto da Silva. O nominalismo psicológico acerca dos universais em João Buridano. Ágora Filosófica, v. 1, p. 225-242, 2011.
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