O objetivo desse trabalho foi compreender como se deu a construção do conceito de Grande Domínio (Grundherrschaft) e discutir os problemas e os limites do emprego desse modelo para o estudo do Período Carolíngio. Com esse intuito, analisamos, comparativamente, dois documentos: o Políptico de Saint-Germain-des-Prés e o Políptico de Saint-Bertin. Surgido no início do século XIX, esse conceito foi desenvolvido pelo historiador alemão Karl Theodor von Inama-Sternegg, algumas décadas depois. Inama-Sternegg tinha como objetivo explicar a evolução econômica alemã, desde a queda do Império Romano até a formação do Feudalismo. Apesar da pretensão de uma explicação evolutiva ter sido abandonada, esse modelo continuou a ser utilizado, com as mais diferentes abordagens, dentre os estudos sobre a história do ocidente europeu. Mesmo que diversos documentos tenham sido estudados a partir desse conceito, um assume maior relevância: o Políptico de Saint-Germain-des-Prés, seja pela edição feita em 1836, pela sua extensão com mais de 130 fólios ou pelos detalhes que suas informações trazem, como a quantidade e os nomes dos filhos de cada casal do domínio. A despeito da utilização de outras fontes, o estudo do Grande Domínio permaneceu por mais de um século atrelado à fonte de Paris. Apenas na segunda metade do século XX, com a reedição e a edição crítica de diversos Polípticos, como o de Saint-Bertin, que a relação entre o Grande Domínio e os Polípticos começou a ser debatida com profundidade.
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SOBREIRA, Victor. O modelo do grande domínio: os polípticos de Saint-German-des-Prés e de Saint-Bertin. História e historiografia. 2012. Dissertação (Mestrado em História Social) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.