A figura da Condessa Matilda de Canossa (1046-1115) já foi explorada de diversas formas e também foi alvo de várias mitificações, especialmente, como exemplo de liderança militar feminina na Idade Média. Apesar da grande bibliografia sobre a Condessa e da sua atuação nos campos de batalhas, poucos trabalhos foram produzidos no Brasil sobre a mesma. Tal questão refere-se, principalmente, à ausência de reflexões mais detalhadas sobre a sua participação enquanto mediadora política nas disputas entre o Papa Gregório VII e o Imperador Henrique IV durante a Querela das Investiduras. Dessa forma, pretendemos analisar a ativa atuação diplomática da Condessa Matilda de Canossa nos conflitos entre a Igreja e o Império ao longo dos séculos XI e XII, por meio das cartas trocadas entre a Condessa e outros importantes personagens. Atentaremos, também, para a posição ocupada pela mesma nas complexas redes sociais formadas a partir dos conflitos entre Igreja e Império e das relações de poder durante o período da Querela das Investiduras. Buscaremos, portanto, compreender a figura da Condessa não à luz do mito da mulher guerreira, e sim a partir da sua importante e ativa posição na política papal e imperial.