O século XIII foi um período de revigoramento urbano e comercial, no qual nem mesmo a Igreja escapou às transformações sociais e econômicas vivenciadas em todos os níveis da sociedade medieval. O progresso material implicou, todavia, o aumento do número de necessitados de ajuda material e espiritual – pobres, enfermos, prostitutas, almas do Purgatório – bem como um crescente desejo de uma religiosidade que se distinguisse da recusa do mundo vivida pelos monges, da ostentação do clero secular e do isolamento dos eremitas. Neste artigo, nos propomos analisar os êxtases e visões do Purgatório de Mechthild de Magdeburb que, por volta de 1250, revelou ao seu confessor, o dominicano Heinrich Von Halle, os extraordinários favores espirituais que vinha experimentando desde os doze anos. Os textos de Mechthild nos ajudam a compreender a importância das beguinas na oração pelas almas do Purgatório, já que a caridade para com os necessitados espirituais – sufrágios – era um dos fundamentos de sua espiritualidade. Sua religiosidade, ao pautar-se na caridade, contribuía para a consolidação das novas práticas que enfatizavam o amor a Deus, vivenciado através da misericórdia para com o próximo.
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NASCIMENTO, Denise da Silva Menezes do. Mechthild de Magdeburg e os sufrágios pelas almas no Purgatório. Revista Brasileira de História das Religiões, [S.l.], v. 11, n. 31, p. 87-110, 30 abr. 2018.
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