Há setenta anos vinha a público, nas prestigiosas páginas da revista Annales, o célebre artigo de Marc Bloch dedicado ao problema histórico (ou historiográfico?) do fim da escravidão antiga. Neste, a necessidade de elucidar o incremento das manumissões de escravos ocorrido nos primeiros séculos medievais levou o autor a considerar a possível pressão exercida, em tal sentido, pelo “fator religioso”, consubstanciado na afirmação do cristianismo no período. Além de sua avaliação negativa, e do caráter restrito de sua abordagem, o artigo de Marc Bloch insere-se em um amplo e complexo campo de reflexões relativas ao “peso” e ao “papel” da religião na transição que marcou os primeiros séculos da sociedade medieval ocidental europeia. Sabemos, todos, da enorme controvérsia que caracteriza a abordagem do tema, constituindo-se a história do período em um verdadeiro campo de proliferação de ensaios e teses. Assim, minha pretensão não é outra, neste artigo, senão a de promover um balanço crítico das perspectivas historiográficas relativas ao enquadramento da religião na transição da Antiguidade à Idade Média.
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BASTOS, Mário Jorge. A religião e a produção de sentidos numa sociedade em transição (da Antiguidade à Idade Média). Recôncavo: Revista de História da UNIABEU, v. 7, n. 12, p. 59-83, jan./jul. 2017.
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