Durante o final do século IX, as ações tomadas pelo rei Alfred o Grande foram decisivas para a sobrevivência da Inglaterra anglo-saxônica contra os ataques dos vikings. Seu resgate cultural iria mudar a sociedade anglo-saxônica, reforçando as defesas do reino, a política e possibilitar a unificação da Inglaterra em meados do século X sob o governo do rei Athelstan. Entretanto, a razão principal para este resgate não era cultural, mas espiritual. O plano principal de Alfred era trazer seu povo de volta para próximo de Deus. Para esta tarefa, inspirado por obras como a Historia Ecclesiastica de Beda, um mito de origem foi forjado. Um mito que dizia que os anglo-saxões eram os herdeiros espirituais dos hebreus do Velho Testamento e seus reis descendentes de heróis do passado germânico e de uma linhagem sagrada que remontava a um misterioso quarto filho de Noé, ligando sua genealogia a Deus de forma singular.
Citação completa
MEDEIROS, Elton O. S.. A linhagem sagrada de Wessex: a construção de um mito de origem na Inglaterra anglo-saxônica. BRATHAIR (ONLINE), v. 1, p. 107-130, 2019.