“Igreja”. Nome habitual, alusão cotidiana, menção óbvia. Mas quem pode apanhar, num único fôlego, as diversas realidades que o nome coloca em jogo? Quando o pronuncia ou escreve, quem recorda quanta pluralidade e tensão contêm as letras desse singular? Se levarmos em conta quem pensou e agiu por ela, quão diversas serão as experiências e definições atadas pela mesma denominação? Enfim, quanta história pode haver no nome e em nome da “Igreja”? Se as repostas a tais questões são necessariamente heterogêneas e apontam para direções distintas, parecendo conduzir a uma fragmentação quase infinita de possibilidade de significados, não é apenas em razão de uma eventual diversidade de temas implicados ou de ângulos investigativos. Essa variedade quase inesgotável provém de algo mais. Ela ocorre, igualmente, porque esconde um embate originário, porque perpetua um confronto primordial: a hermenêutica aplicada à análise da Igreja carrega há séculos as marcas do enfrentamento entre os significados confessionais e seculares.
Citação completa
RUST, Leandro; CASTANHO, Gabriel. A Igreja como passado: um prólogo historiográfico. Veredas da História, v. 10, n. 2, p. 9-21, dez. 2017,