Num documento de 1267, chamado Determinationes Quaestionum super Regulam Fratrum Minorum, encontramos a seguinte pergunta: “Por que os frades habitam mais frequentemente em cidades e castelos do que nos eremitérios?” A resposta foi esta: “Por causa da edificação dos homens, para incitá-los à penitência, servir-lhes de modelo e receber deles o necessário à vida”. São Francisco de Assis e Santo Antônio de Pádua pertenceram à Ordem que praticou os termos deste documento: a cidade, para eles, não era só lugar de moradia, mas de ação pastoral: santos que se dedicaram às cidades, que quiseram convertê-las, santificá-las, e que ao mesmo tempo foram santificados por elas. Este livro apresenta a saga dos frades Menores nas cidades italianas, o poder social da pregação e os usos políticos do culto dos santos: a insistência na relação pregador-hagiógrafo decorre de duas grandes demandas das comunas italianas do século XIII: a palavra pública e o culto, esteios do ideário político urbano tanto quanto o foram o republicanismo e o autogoverno.
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MIATELLO, André Luis. Santos e Pregadores nas cidades medievais italianas: retórica cívica e hagiografia. Belo Horizonte: Fino Traço, 2013.
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