Do século III em diante, com a expansão do cristianismo e o aumento do poder local e regional do episcopado, os concílios suplantaram os debates e consultas epistolares como principal ambiente decisório dos assuntos eclesiásticos. O estudo dos cânones conciliares tradicionalmente deu à historiografia fundamentos para avaliar a crescente consolidação institucional da Igreja, especialmente no que se refere às decisões de cunho teológico, disciplinar e litúrgico, como no caso dos concílios ditos ecumênicos. A partir da contribuição de pesquisas mais recentes, neste artigo exploramos os concílios valorizando não somente sua inserção na tradicional história institucional da Igreja, mas visando, em especial, suas disputas, os atritos e omissões, bem como a preocupação dos bispos com a produção de uma memória conciliar, a partir das referências da sociologia de Pierre Bourdieu. Para tal, focamos os concílios regionais do sul da Gália (524-529), sob a presidência de Cesário, bispo de Arles (502-542).
Citação completa
SILVA, Paulo Duarte. Secundum Statuta Canonum: poder e memória nos concílios do Sul da Gália. Revista OPSIS, Catalão-GO, v. 18, n. 1, p. 21-43, jan./jun. 2018.