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Oralidade, Ensino e Imagens na Visão de Túndalo

A Visão de Túndalo é um exemplum, narrativa de caráter moralizante com a função de convencer uma platéia através de uma lição moral. Os exempla eram apresentados por pregadores religiosos com o objetivo de conversão. A narrativa foi produzida no século XII por um monge cisterciense e traduzida para o português no século XV, o que mostra a sua importância no final da Idade Média. O aspecto pedagógico está bastante ressaltado através da oralidade. É através do diálogo entre o anjo e Túndalo que são explicados detalhadamente os tormentos do Além, relacionados às faltas dos pecadores. O ente celeste também explica ao nobre os motivos que levaram os eleitos a ficar nos três espaços do Paraíso, os Muros de Prata, de Ouro e de Pedras Preciosas, segundo o seu merecimento. Além de conversar com o cavaleiro Túndalo, no intuito de convencê-lo a se tornar um bom cristão, o manuscrito também dialoga com a platéia a quem o texto era dirigido, através de vários índices de oralidade (Zumthor), com verbos como ouvir, falar, contar. Para reforçar o aspecto pedagógico do exemplum são enfatizadas imagens relacionadas aos órgãos dos sentidos (visão, audição, olfato, paladar e tato) no Paraíso e Inferno. A iconografia do final da Idade Média também confirma algumas descrições da Geografia do Além apresentadas na visio.

Citação completa

ZIERER, Adriana. Oralidade, Ensino e Imagens na Visão de Túndalo. Domínios da Imagem, Londrina, v. 3, v. 6, p. 7-22, 2010.