A Antiguidade Tardia foi marcada por intensas e importantes transformações, tanto nos antigos territórios romanos ocidentais como no Império Romano do Oriente. Dos vários imperadores que atingiram o sólio imperial romano oriental, Justiniano foi, de fato, o que maior projeção alcançou na história do mediterrâneo ao longo do século VI. Promotor de várias iniciativas e reformulações administrativas, a ele imputamos o último grande esforço de desenvolvimento da hegemonia sobre o mediterrâneo ocidental desde Constantinopla e que tentou recuperar o prestígio e a grandeza da autoridade imperial, denominada pela historiografia como a Renouatio Imperii. Marcado por vitórias e fracassos, o reinado de Justiniano (527 – 565) é considerado como o ponto de inflexão de um Império Romano do Oriente que começará a perder a sua força e o seu brilho. Apesar disso, sua importância e o seu legado aparecem de forma destacada no Panegírico dedicado ao seu sucessor, Justino II (565 – 578), redigido por Flávio Cresconio Coripo, no qual a morte de Justiniano e as suas exéquias são descritas como um autêntico ritual dedicado ao imperator sacratissimus. Neste estudo analisaremos os detalhes e os significados políticos, sociais e culturais apresentados por Coripo do funeral de Justiniano.
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FRIGHETTO, Renan. "O insigne pai do orbe está vivo ou morreu?" A morte do Imperador Justiniano (565), segundo o Panegírico de Justino II de Coripo (566-568). História, São Paulo, v. 39, 2020