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História global da Idade Média: estudos e propostas epistemológicas

A proposta deste artigo é evidenciar as possibilidades de pesquisa nos estudos sobre a chamada Idade Média pela perspectiva da História Global a partir de alguns exemplos de estudos já desenvolvidos desde o final da década de 1980, como a obra de Janet L. Abu-Lughod, passando por exemplos mais atuais como os de Catherine Holmes, Noemi Standen, Michael Borgolte e Natalie Davis, e apresentando algumas pesquisas e grupos no Brasil que, de alguma forma, já abordam uma perspectiva de História Medieval conectada. Não se propõe um inventário de todas as pesquisas desenvolvidas na área, pois o objetivo é indicar algumas direções epistemológicas. Aponta-se para alternativas que consideram as contribuições desenvolvida a partir da experiência historiográfica não-europeia – por tanto tempo tratada como subalterna. Dessa forma, assim como Dipesh Chakrabarty propôs provincializar a Europa e Sanjay Seth provincializar a conceito de razão ocidental, este ensaio evoca nossa responsabilidade – enquanto medievalistas sul-americanos – em provincializar/descolonizar o conceito de Idade Média, desapropriando-o dos regionalismos europeus e reintegrando-o à história do mundo. Por fim, serão tecidas considerações sobre o possível alinhamento da perspectiva da História Global, dos estudos subalternos capitaneados pela historiografia indiana, das epistemologias do Sul Global com os estudos medievais no Brasil.

Citação completa

SILVEIRA, Aline Dias da. História global da Idade Média: estudos e propostas epistemológicas. Roda da Fortuna, v. 8, n. 2, p. 210-236, 2019.