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Diálogo de surdos ou voz que clama no deserto? Um breve ensaio sobre o revisionismo historiográfico na medievística brasileira do século XXI

Já há alguns anos é perceptível uma nova postura na medievística produzida no Brasil: os ditos clássicos, adormecidos pelas querelas de poder dentro dos Departamentos Universitários, ou mesmo nunca antes folheados, me parecem estar sendo ressuscitados ou pelo menos lidos com mais atenção. Tal caminho, evidentemente, é frutífero, contudo, nele jaz algo além do compromisso sério com a crítica historiográfica. Para nós, o ato de alguns jovens medievalistas atualmente retomarem alguns livros e teses se apropriando de suas ideias, as readaptando e revisando, nos permite, não sem certa ousadia, analisar nosso campo de atuação e as relações de poder nele imbricadas: dos convites específicos para publicações às críticas veladas ao pé do ouvido e, ainda, o quanto o termo “revisionismo” tem, infelizmente, se convertido nas conversas de corredor num novo rótulo depreciativo depositado como um jugo injusto nas costas de alguns poucos corajosos que teimam e não se abalar. Neste breve ensaio crítico, pretendemos demonstrar o quão atual é o que se tem tido por ultrapassado e o quanto ainda devemos àquilo que se teima jogar para o porão sempre que uma voz dissonante clama a sós no deserto acadêmico enquanto aqueles assentados nos tronos de marfim dialogam sem se ouvir, mas se unem para rotular os que se mantêm avessos aos modismos intelectuais.

Citação completa

ALVARO, Bruno Gonçalves. Diálogo de surdos ou voz que clama no deserto? Um breve ensaio sobre o revisionismo historiográfico na medievística brasileira do século XXI. Veredas da História, [online], v. 9, n. 2, p. 7-20, dez., 2016.