Boaventura de Bagnoregio (1221-1274) foi um dos mais influentes pensadores da Ordem dos Frades menores, considerado pelos historiadores o segundo fundador do movimento devido a sua ortodoxia e às ‘reformas’ que empregou durante o seu generalato. É nosso objetivo fazer uma releitura da obra Expositio super Regulam Fratrum Minorum, que tem como fio condutor a questão da interpretação da Regra de 1223, partindo da discussão da pobreza normativa e dos seus desdobramentos. Quando era Ministro geral, Boaventura empenhou fidelidade à proposta religiosa de São Francisco e à Regra dos Menores. Porém, devido a sua cultura catedrática, ele exprimiu uma nova interpretação, na qual enfatizava a precisão conceitual de todas as palavras que, como tais, transmitiam valores ou instruções à disciplina monástica em um momento chave da história dos Menores. Este artigo pretende demonstrar que Boaventura contribuiu com uma interpretação léxica da Norma e da pobreza, pensada mais do que um fato que requeresse comportamentos concretos nos conventos; tornou-se um problema do intelecto, por isso ele colaborou para o crescimento de conflitos eclesiásticos e eclesiológicos de complexidade jurídica na Ordem franciscana.
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AGUIAR, Veronica. Boaventura de Bagnoregio e a Regra de 1223: alguns apontamentos sobre a disciplina da pobreza. Acta Scientiarum. Education, Maringá, v. 34, n. 1, p. 39-49, 29 mar. 2012.