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A Visão de Túndalo no Contexto das Viagens Imaginárias ao Além Túmulo: religiosidade, imaginário e educação no medievo

O medievo se considerava um homo viator em busca da salvação, tal como nos mostram as imagens de Bosch sobre a figura do peregrino e as tentações deste mundo. Nas viagens imaginárias, indivíduos de várias categorias sociais passam por experiências de quase morte, na qual saem temporariamente de seu corpo e são acompanhados por guias, principalmente anjos, para conhecem espaços do Além. Essas experiências eram transmitidas e lembradas à população pelos clérigos. Por este motivo, é possível dizer que os relatos de visões constituíram-se em verdadeiros manuais pedagógicos da salvação, na medida em que eram transmitidos oralmente durante os sermões, com o intuito de serem memorizados pela população para que sua conversão e salvação ocorressem. A narrativa principal a ser analisada é a Visão de Túndalo, na qual um cavaleiro pecador conhece elementos do Inferno e do Paraíso. A narrativa tem pontos de contato com outras, como as visões de Drythelm (séc. VIII), Alberico (século XII) Gottschalk (século XII) e Thurkill (século XIII). A característica comum desses relatos é que todos os viajantes após retornarem da visio se tornam modelos de cristãos, enfatizando uma conduta correta de comportamento a ser adotada pelos fieis.

Citação completa

ZIERER, Adriana. A Visão de Túndalo no Contexto das Viagens Imaginárias ao Além Túmulo: religiosidade, imaginário e educação no medievo. Notandum (USP), [São Paulo/Porto], v. 32, p. 101-124, 2013.